Prefeitura de São José dos Campos faz estudo sobre a população de rua

De 1º a 30 de abril, foram feitas 1096 abordagens, 184 acolhimentos em abrigos, sendo 75, encaminhamentos para o tratamento em dependência química


Os fatores que levam uma pessoa a permanecer nas ruas são variados: problemas familiares, consumo de drogas, saúde mental debilitada, pobreza, entre outros. Porém, para oferecer um atendimento ainda mais eficiente a esta população, é necessário saber mais.

Quem são? Onde e como se movimentam? Do que necessitam para deixar a condição de rua?

Para responder a essas e a outras perguntas, a Prefeitura de São José dos Campos iniciou em abril um estudo qualificado para conhecer e compreender esta parte tão vulnerável da população.

Nele, foram coletados dados como perfil, quantidade de pessoas na rua por dia da semana e horário, bem como os locais e em quais períodos ocorrem as aglomerações.

Perfil

Atualmente, a população que efetivamente mora nas ruas de São José dos Campos é formada por 90 pessoas. A maioria tem entre 22 e 60 anos, sendo 85% homens e 15% mulheres.

Os demais, que eventualmente também são vistos em situação de rua na cidade, dividem-se entre pessoas que têm residência e ficam fora de casa para fazer uso de drogas, assim como os migrantes, que são aqueles que deixam suas cidades de origem e permanecem em outros municípios por períodos determinados, até quando decidem receber ajuda para voltar para suas respectivas moradias.

Mapeamento

Com 38%, a região leste concentra o maior número de pessoas em situação de rua, seguida pela região central, com 27%. Nas demais regiões, o levantamento apontou 12% na zona sul, 9% na oeste e 8% na região norte. Sob os viadutos, 6%.

De acordo com a análise da equipe técnica, as regiões leste e central são os pontos da cidade onde mais ocorrem a entrega de alimentos, feita por voluntários, o que explica a maior concentração de pessoas e a baixa adesão dos mesmos ao abrigamento.

Sazonalidade

Um ponto importante apresentado pela pesquisa foi que a aglomeração de pessoas nas ruas varia de acordo com datas comemorativas e dias quando são realizados os pagamentos de benefícios.

Na segunda semana de abril, quando foi comemorada a Páscoa, foi constatado um aumento de 36% de pessoas na rua. Também neste caso, o fenômeno se dá em função da presença mais expressiva de ações voluntárias de doação de alimentos e outros itens.

Outro momento marcado por um pico de pessoas na rua, foi a semana de pagamento da primeira parcela do Auxílio Emergencial, do Governo Federal. Neste período, algumas pessoas deixaram suas casas ou abrigos para receber o benefício. Depois disso, muitas delas permaneceram nas ruas, sobretudo para fazer uso de entorpecentes.

Nas demais semanas, o número de pessoas em situação de rua apresentou queda. A redução mais expressiva foi entre 13/4 e 19/4 (- 23%).

O número de pessoas também varia de acordo com o período. Durante o dia, há mais pessoas na rua do que à noite, tendo em vista que boa parte delas retorna à residência para passar a noite.

Metodologia

A pesquisa sobre a população de rua é realizada equipes de Apoio Social. A contagem das pessoas é feita, de forma visual, pelos educadores uma vez por semana. Já a identificação de cada um é feita pessoalmente, com a presença de um assistente social. Nesta abordagem são obtidas, por exemplo, informações como: quantas e quais pessoas tem moradia e estão na rua para fazer uso de drogas, quem está apenas de passagem pela cidade, entre outras.

Estes dados são compilados para a geração de um relatório mensal que é usado como ferramenta de gestão, possibilitando ações mais eficientes e assertivas no atendimento, encaminhamento ou acolhimento das pessoas.

Trabalho integrado

Desde o início de abril, a Prefeitura de São José dos Campos intensificou o trabalho de apoio e acolhimento voltado à população de rua, sobretudo pela exposição e vulnerabilidade deste público, durante a pandemia do novo Coronavírus.

De 1º a 30 de abril,  foram feitas 1.096 abordagens, 184 acolhimentos em abrigos, sendo 75 encaminhamentos para o tratamento em dependência química.

No mesmo período, 284 pessoas foram recambiadas, expressão utilizada para o auxílio que a Prefeitura concede a pessoas em situação de rua para que possam retornar às cidades de origem, quando assim desejarem.

Também foram criados espaços de isolamento para casos suspeitos de Covid-19. Até o momento, apenas duas pessoas precisaram ficar isoladas, porém ambas já foram liberadas.

Idosos e pessoas com doenças crônicas também estão recebendo tratamento diferenciado pelo fato de integrarem os grupos com maior risco de morte no caso de infecção pela Covid-19. Para eles, acolhimento está sendo feito em instituições separadas do público em geral. Idosos junto com idosos e pessoas com comorbidades em abrigos diferentes dos demais.

Serviço

Para ajudar as equipes da assistência social a proteger as pessoas em situação de rua, a população deve ligar para 153 ou 156.