Se até o início de 2020 o termo home office não era tão comum no Brasil, depois do início do isolamento social, em março deste ano, buscando conter a pandemia de coronavírus que assola o país, este formato de trabalho se popularizou rapidamente.
Muitas empresas aderiram a esta forma de trabalho com seus colaboradores e a adaptação teve que ser rápida. O que antes parecia algo provisório, agora parece não ter uma data para acabar, e trazer o escritório para casa pode durar mais tempo que o imaginado.
Um reflexo deste novo cenário foram as vendas online de artigos para home office que explodiram no período, conforme revelam dados publicados pelo portal Valor Investe, destacando o grande crescimento de vendas em cadeiras, escrivaninhas e outros itens de escritório.
Segundo a publicação, só nas redes da loja de móveis Tok&Stok, a venda de escrivaninhas subiu 228% nos meses de março a maio deste ano em comparação com o mesmo período de 2019. A busca por estantes subiu 130% e a de itens de escritório e papelaria subiu 171%.
Já a rede de móveis Mobly teve aumento de 39% nas vendas de artigos de escritório. As escrivaninhas e mesas de computador tiveram um aumento de 56% nas vendas, seguidos por 36% de cadeiras de escritório, 8% de armários e estantes com 7% de vendas a mais, de março a junho deste ano, em comparação aos mesmos meses no ano passado.
Ainda de acordo com a Valor Investe, o Mercado Livre, plataforma que reúne diversos vendedores em um mesmo site, teve números expressivos de vendas também: a compra de cadeiras de escritório cresceu 1.362% de março a junho de 2020 em comparação a 2019, escrivaninhas tiveram aumento de 168%, luminárias 64%, além do aumento da venda de itens de informática: modems (474%), placas de redes (1485%) e webcams (652%).
A equipe do Mago de Casa analisou as buscas feitas no site desde o início da pandemia e concluiu que, mesmo tendo surgido em um período turbulento, a utilização do home office pode se tornar um hábito de longo prazo, e muitas empresas devem aderir de forma permanente este modelo de prestação de serviço após a pandemia, pois pesquisas recentes apontam para este cenário.
Um estudo feito pelo professor da Fundação Getúlio Vargas e coordenador do MBA em Marketing e Inteligência de Negócios Digitais da FGV, André Miceli, estimou que o home office deve crescer 30% depois do coronavírus e a iniciativa na pandemia deve provocar uma mudança nas culturas organizacionais, definida por ele como "um caminho sem volta". "O home office já se mostrou efetivo. Aliado a isso, você tira carros da rua, desafoga o transporte público, mobiliza a economia de outra forma...", disse em matéria publicada pelo portal UOL.
Já um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado em junho deste ano, diz que o home office poderá alcançar 22,7% das ocupações de trabalho no país, somando mais de 20 milhões de pessoas.