Nesta quinta-feira (4), a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região vai julgar recurso de apelação de São Sebastião que busca a liberação de R$ 1 bilhão depositados judicialmente e que podem ser aplicados na reconstrução da cidade destruída pelas chuvas no último Carnaval.
Em 2017, a Prefeitura de São Sebastião entrou com uma ação administrativa na Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), reclamando seu direito aos royalties de produção de petróleo e gás natural nos campos em seu litoral. A demanda do município levou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgão técnico responsável pela demarcação das linhas geodésicas, a revisar suas projeções para a Bacia de Santos.
Em 2020, o IBGE emitiu nota técnica reconhecendo que São Sebastião faz confrontação com os campos de Bacalhau Norte, Lapa, Mexilhão, Nordeste de Sapinhoá, Noroeste de Sapinhoá, Sapinhoá, Sudoeste de Sapinhoá e Sul de Sapinhoá. Como consequência, Ilhabela teve que dividir sua antiga participação nos royalties referente a esses campos de forma praticamente igualitária com São Sebastião.
A ANP, que faz a partilha dos recursos, passou a fazer a divisão com base na decisão do IBGE, pagando a parcela a que São Sebastião tem direito. Inconformada com a perda legalmente imposta, Ilhabela entrou no TRF-3 contra a ANP e o IBGE, em setembro de 2020, alegando desconhecer o processo administrativo e buscando suspender qualquer procedimento que resultasse na alteração dos critérios de partilha de royalties.
A demanda de Ilhabela já foi julgada improcedente, mas o juiz de primeira instância decidiu manter os valores controversos - devidos a São Sebastião, de acordo com a revisão da ANP e do IBGE - depositados em juízo até julgamento colegiado. Assim, desde maio de 2021, o dinheiro dos royalties de São Sebastião, referentes à confrontação com os campos passaram a ser depositados judicialmente no TRF-3. Em dois anos, o montante chegou a R$ 1 bilhão.