A Polícia Federal cumpriu, na manhã deste sábado (22), um mandado de prisão preventiva contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que estava em prisão domiciliar desde agosto. A ação ocorreu por volta das 6h35, quando um comboio com pelo menos cinco viaturas entrou no condomínio onde o ex-chefe do Executivo reside, na capital federal.
A ordem foi expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para garantir a ordem pública e evitar possível tentativa de fuga. Após ser detido, Bolsonaro foi levado à Superintendência da Polícia Federal em Brasília, onde realizou exame de corpo de delito e aguarda definição sobre seu encaminhamento.
Condenação e regime domiciliar
Em setembro deste ano, o STF condenou Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão em regime fechado por cinco crimes ligados à tentativa de golpe de Estado após a derrota eleitoral de 2022. A Corte o apontou como líder de uma organização criminosa voltada a abalar as instituições democráticas do país.
Desde 4 de agosto de 2025, ele cumpria prisão domiciliar, concedida após sua defesa alegar problemas de saúde que exigiriam cuidados médicos constantes. A sentença ainda está em fase de recursos e não transitou em julgado.
Na véspera da prisão preventiva, a defesa apresentou nova petição a Moraes pedindo a manutenção do regime domiciliar, citando "risco à vida" e "doenças permanentes" que exigiriam atenção especializada. O pedido buscava evitar sua transferência para o Complexo Penitenciário da Papuda.
Motivos para a prisão preventiva
Segundo fontes do sistema judiciário, a conversão da prisão domiciliar em preventiva foi baseada em três elementos centrais:
indícios de descumprimento das medidas cautelares já impostas;
risco de fuga, reforçado por vigílias e movimentações consideradas suspeitas perto da residência do ex-presidente;
proximidade do trânsito em julgado da condenação, após o STF rejeitar, no início de novembro, o recurso da defesa.
A prisão preventiva não corresponde ao início da execução definitiva da pena, mas funciona como medida cautelar para assegurar que Bolsonaro permaneça à disposição da Justiça.
Repercussões e próximos passos
A detenção de um ex-presidente da República representa um fato inédito na história recente do país. Caso os recursos não revertam a condenação, Bolsonaro deverácumprir integralmente a pena em regime fechado, possivelmente na Papuda, em Brasília.
A defesa ainda pode contestar a ordem de prisão preventiva, mas especialistas avaliam que a reversão é improvável, considerando o histórico de descumprimentos e a gravidade dos crimes pelos quais foi condenado.
A Polícia Federal, embora não tenha informado os detalhes da custódia, afirmou que todos os procedimentos legais estão sendo rigorosamente observados.