A Prefeitura de Pindamonhangaba deu um passo importante para corrigir uma defasagem tributária que se arrasta há mais de três décadas. Foram enviados à Câmara de Vereadores dois projetos de lei que propõem a atualização da Planta Genérica de Valores (PGV), congelada desde 1993, e a redução das alíquotas do IPTU, com o objetivo de equilibrar justiça fiscal e sustentabilidade da arrecadação.
A medida atende a recomendações reiteradas do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que vem alertando o município há anos sobre a defasagem na base de cálculo do imposto. No mais recente relatório, emitido durante a aprovação das contas municipais, o TCE voltou a exigir providências imediatas.
O que muda
A Planta Genérica de Valores define o valor venal dos imóveis, usado como base para o cálculo do IPTU. Quando desatualizada, gera distorções: imóveis em áreas valorizadas acabam pagando menos imposto que outros em bairros periféricos, contrariando princípios de equidade tributária.
Em Pindamonhangaba, essa distorção se tornou evidente. Hoje, o valor do metro quadrado no bairro Crispim chega a ser quase o dobro do registrado em condomínios fechados de alto padrão, uma inversão que reforça a urgência da revisão.
Redução de alíquotas
O primeiro projeto reduz as alíquotas do IPTU:
Terrenos não edificados: de 4% para 1%
Áreas construídas: de 0,7% para valores entre 0,35% e 0,65%, conforme o tipo de imóvel
A proposta busca aliviar a carga tributária imediata dos contribuintes, especialmente durante a transição para a nova base de cálculo.
Atualização gradual em quatro anos
O segundo projeto prevê a atualização progressiva da PGV, corrigindo uma defasagem de 32 anos. A adequação será feita ao longo de quatro anos, para evitar impactos bruscos no orçamento das famílias.
Segundo a Prefeitura, a atualização trará mais justiça fiscal, ajustando os valores venais à realidade do mercado e à infraestrutura de cada região. Além disso, os imóveis passarão a ter valores mais próximos aos de mercado, o que pode facilitar financiamentos e transações imobiliárias.
Impactos previstos
Com base na estimativa de 91 mil carnês a serem emitidos em 2026:
Cerca de 3 mil imóveis terão redução no IPTU
A maioria sofrerá reajustes graduais
56% dos contribuintes (aproximadamente 51 mil imóveis) terão aumento de até R$ 100 por ano durante os quatro anos
O acréscimo médio será de cerca de R$ 25 anuais por contribuinte
Tendência regional
A atualização da PGV é uma tendência em vários municípios brasileiros, impulsionada por cobranças dos tribunais de contas e pela necessidade de modernizar a gestão fiscal. Na região do Vale do Paraíba, São José dos Campos atualizou sua planta em 2024, Taubaté enviou projeto semelhante à Câmara e Caçapava aprovou a revisão em outubro de 2025.
Debate na Câmara
Os projetos ainda precisam ser analisados e aprovados pelos vereadores. O processo deve incluir audiências públicas e análises técnicas, garantindo transparência e participação popular. Especialistas recomendam que os contribuintes acompanhem a tramitação para compreender os impactos individuais e a metodologia de cálculo.
Entenda: O que é a PGV? É o cadastro que define o valor de referência dos imóveis no município, considerando localização, infraestrutura e características construtivas.
Por que atualizar? Sem atualização, os valores ficam defasados e geram injustiças: imóveis em áreas valorizadas podem pagar menos que os localizados em bairros mais simples.
O IPTU vai aumentar? Depende. Cerca de 3 mil imóveis terão redução. A maioria sofrerá reajuste gradual, mas a diminuição das alíquotas ajudará a suavizar o impacto.