O efeito econômico do conflito no leste europeu vai além das cotações nos aplicativos financeiros.
A guerra econômica travada pelos Estados Unidos contra a Rússia, através de sanções, está incentivando países a depender menos do dólar. As sanções objetivam desmotivar a invasão e ocupação russa da Ucrânia.
Por ser a principal moeda nas relações comerciais internacionais, o dólar dá aos EUA a capacidade de isolar financeiramente seus desafetos.
"Há um risco, quando usamos sanções financeiras ligadas à função do dólar, de que, no futuro, elas poderiam minar a hegemonia do dólar", disse Janet Yellen, Secretária do Tesouro dos EUA, em entrevista à CNN.
Este ano, o presidente francês Emmanuel Macron sugeriu à Europa depender menos do dólar e ficar fora do potencial conflito entre Estados Unidos e China em Taiwan.
Em visitas recentes à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o primeiro-ministro da Malásia demonstraram interesse em necessitar menos do dólar. A Índia também declarou a intenção de usar sua moeda, a rúpia, no comércio com outros países.
Os membros da Organização de Cooperação de Shanghai anunciaram que vão usar suas moedas com maior frequência dentro do bloco, que é composto por China, Rússia, Índia, Paquistão, Uzbequistão, Cazaquistão, Tadjiquistão e Quirguízia.
Ano passado, China e Arábia Saudita realizaram a primeira operação mútua em yuan. Adicionalmente, os bancos centrais do Iraque e Bangladesh destacaram que realizarão comércio com a China em yuan.
O dólar responde por 58% das reservas cambiais mundiais, quase o triplo do euro (20%). O renminbi chinês tem menos de 3%.
Com relação às sanções econômicas oriundas da atual guerra, os presidentes da Rússia e dos Estados Unidos têm visões opostas.
"Putin é o agressor. Putin escolheu essa guerra. E agora ele e seu país vão arcar com as consequências", disse o presidente norte-americano, Joe Biden, ao declarar sanções em fevereiro de 2022.
Ainda segundo Biden, "os Estados Unidos não estão agindo sozinho. Durante meses, construímos uma coalizão de parceiros, que representam bem mais do que metade da economia global."
Ao final de junho deste ano, Vladimir Putin informou através de comunicado divulgado no site da presidência russa:
"Hoje, a Rússia trava uma dura luta por seu futuro, repelindo a agressão de neonazistas e seus patronos. Toda a máquina militar, econômica e informacional do Ocidente está voltada contra nós. Estamos lutando pela vida e segurança de nosso povo, por nossa soberania e independência, pelo direito de ser e permanecer a Rússia, um estado com mil anos de história."
A costa ucraniana no Mar Negro é valiosa para Ocidente e Rússia, tanto comercial como militarmente.
Rússia e Ucrânia fizeram parte da União Soviética, sendo a Rússia a república dominante à época. A dissolução da URSS levou à criação de 15 países:
Armênia
Azerbaijão
Bielorrússia
Estônia
Geórgia
Cazaquistão
Quirguistão
Letônia
Lituânia
Moldávia
Rússia
Tajiquistão
Turcomenistão
Ucrânia
Uzbequistão
As mortes causadas pela operação militar iniciada pela Rússia no ano passado passam de 350 mil, de acordo com fontes americanas divulgadas pela Reuters.