Um incêndio de enormes proporções destruiu na noite de ontem (02) o Museu Nacional do Rio de Janeiro, referência internacional em pesquisas e acervo e orgulho do país. As chamas se propagaram rapidamente por todo o tradicional edifício e só pode ser contida pelos bombeiros por volta das 03h desta segunda-feira. O combate ao fogo teve início por volta das 19h30.
Pouco tempo depois do início do incêndio, dezenas de funcionários do museu começaram a chegar à Quinta da Boa Vista, onde fica o Museu Nacional. Desolados, pesquisadores, estagiários, professores e estudantes acompanharam o trabalho dos bombeiros. Todos incrédulos, observando as labaredas. Muitos choravam. O clima era de tristeza e descrença no que ocorria no local.
Praticamente tudo perdido em meio à fuligem e ao calor intenso. Um cordão de isolamento foi providenciado por volta das 21h pelos agentes da Guarda Municipal, pois havia o risco de uma explosão do prédio. Muitos funcionários, no entanto, se recusavam a deixar o local.
“Um trabalho de 200 anos de uma instituição científica. A mais importante da América Latina. Acabou tudo. O nosso trabalho, a nossa vida estava aí”, disse o museólogo Marco Aurélio Caldas, demonstrando não acreditar no que assistia.
Faltou água - Segundo o próprio comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Roberto Robadey, o combate ao incêndio foi prejudicado pela falta de água. Segundo Robadey, os bombeiros chegaram com um caminhão-tanque cheio de água, mas quando o reservatório se esgotou, tentou-se sem sucesso usar água dos hidrantes localizados ao redor do museu.
Fundado em 1818 - Fundado por Dom João VI em 6 de junho de 1818 sob a denominação de Museu Real, o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, como é conhecido, fica instalado no bairro imperial de São Cristovão, zona norte da cidade, e reúne mais de 20 milhões de itens, divididos em coleções de paleontologia, zoologia, botânica, antropologia, arqueologia, entre outras. O lugar já foi residência oficial da família imperial brasileira.
Conheça alguns itens do museu:
- Um dos mais importantes itens era um fóssil humano, achado em Lagoa Santa, em Minas Gerais, em 1974. Batizado de Luzia, fazia parte da coleção de antropologia. Trata-se do fóssil de uma mulher que morreu entre 20 e 25 anos e seria a habitante mais atinga das Américas.
- Outra preciosidade era o maior meteorito já encontrado no Brasil, chamado de Bendegó e pesa 5,36 toneladas. A pedra é de uma região do sistema solar entre os planetas Marte e Júpiter e tem mais de 4 bilhões de anos. O meteorito foi achado em 1784, no sertão da Bahia, na localidade de Monte Santo. Quando foi encontrado era o segundo maior do mundo. A pedra integra a coleção do Museu Nacional desde 1888.
- Dom Pedro arrematou em 1826 a maior coleção de múmias egípcias da América Latina. São múmias de adultos, crianças e também de animais, como gatos e crocodilos. A maioria das peças veio da região de Tebas.