Da arte circense à teatral, do balé clássico à dança experimental, do amador ao profissional, da cultura brasileira à urbanidade da cidade, das veias abertas da América Latina às batidas da África, dos grupos locais aos convidados especiais... Quem aceitar o convite do festival para maratonar os espetáculos desta 24ª edição, certamente vai ver uma experiência ampla, com um pouco de tudo o que está acontecendo no mundo da dança e das artes do corpo.
Serão três semanas de evento. No início, teremos no dia 16 de setembro, às 19h, a Cia Solas de Vento, em "20.000 Léguas Submarinas". Com seu teatro gestual, técnicas circenses e dança contemporânea agregados à pesquisa de projeção de vídeo ao vivo, a trupe retorna para finalizar a trilogia de peças de Júlio Verne apresentadas em edições anteriores do festival. No dia 17 de setembro, às 19h, a Cia Druw, encena "Vila Tarsila", sobre a pintora modernista Tarsila do Amaral, trabalho que integra a pesquisa do grupo em transpor para dança a história de grandes artistas plásticos [veja abaixo sinopses dos espetáculos].
Na programação desta edição, temos desde as companhias mais consagradas do balé clássico e contemporâneo do país, como a São Paulo Cia de Dança e o Balé da Cidade de São Paulo - passando pelo Gumboot Dance Brasil, grupo que faz uma dança sul africana percussiva usando botas, pelos irmãos da Sabatinos Bros e sua verve acrobática, pela Clarin Cia de Dança, que mostra sua releitura performática sobre o brasileiríssimo Bumba Meu Boi - até chegar às apresentações de artistas locais de alta qualidade bem como ao trabalho desenvolvido por escolas e instituições da região [veja abaixo quadro da programação completa].
Entre os grupos da região, estão parceiros como a Cia Las Titis, com sua dança cômica, o Circo Navegador trazendo seu Quixote muito particular e cheio de humor, e a Cia Óia o Tamanho de Mim, com seu miniteatro sobre uma bicicleta, contando histórias caiçaras para um espectador por vez.
Movimento, dança e multiplicidade
Referência para a dança no estado de São Paulo, o "Dança e Movimento" é um festival que congrega diversas linguagens artísticas. Ao longo de sua trajetória, já apresentou aproximadamente 300 espetáculos a um público de quase 40 mil pessoas.
Grande parte da programação deste ano, acontece no Espaço Cultural Pés no Chão - responsável pela realização do evento em parceria com a Secretaria de Cultura através da Prefeitura Municipal de Ilhabela. Porém, em um final de semana haverá um palco especial montado no Centro Histórico de Ilhabela (entre 22 e 24 de setembro), além de algumas apresentações em escolas. O limite de pessoas é 186 no Pés no Chão e mais de 500 no auditório da Vila. Não é necessário retirar ingressos, a entrada é por ordem de chegada.
Oficialmente, o evento já começou no dia 14 de setembro, com "O Mar Não Está Para Peixe", espetáculo do Grupo de Artes Integradas do Pés no Chão, resultado das oficinas de Acrobacia Infantil, Dança e Acrobacia em Aéreos, além de uma participação especial das oficinas de Capoeira e de Cultura Popular que acontecem no Projeto Arte enCena. No palco, nada menos que 90 crianças. Na plateia, a comunidade, majoritariamente familiares e amigos, tendo acesso a uma diversidade de linguagens. É um acontecimento - inclusive (e tão importante quanto) por todo o processo que envolve a montagem do espetáculo.
Qual o segredo de chegar à 24a edição, garantindo uma programação tão diversa?! Para o projeto ter consistência, é preciso criar laços. Acompanhar grupos de artistas que se conectam com o propósito do festival (com muitos deles, a relação é de bons anos). Realizar uma curadoria que olha para dentro e para fora. Persistir acreditando e apostando no que essa grande costura entre arte e cidadania pode gerar. As portas estão sempre abertas. Agora é só chegar para ver as cortinas se abrirem também. O lema é "Só veem!".