De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer é a segunda maior causa de morte no mundo, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares. Em 2018, a enfermidade foi responsável por 9,6 milhões de mortes. Felizmente, a taxa de sobrevivência por cinco anos ou mais para todos os tipos de tumores tem crescido nos últimos anos.
O fato é que o diagnóstico de um tumor muda completamente a rotina do paciente. Nos casos mais graves, é necessário se ausentar das suas responsabilidades - inclusive, do trabalho - para focar no tratamento. O problema é que poucas empresas estão preparadas para lidar com essa situação, chegando até a desligar seus colaboradores.
Uma revisão de 36 estudos, realizada pelo Coronel Institute of Occupational Health, na Holanda, mostrou que 33,8% dos 20.366 sobreviventes do câncer que foram analisados não conseguiram recolocação profissional, devido às consequências físicas e emocionais da doença. Os cientistas constataram que essa turma tinha mais risco (1,37) de ficar desempregada que os 157.603 participantes saudáveis do grupo de controle.
Como você pode ver, a situação é complexa, e sem a compreensão do seu empregador, pode ser necessário tomar alguns cuidados, como consultar o score periodicamente e criar uma reserva de segurança.
Felizmente, a constituição garante alguns direitos a essas pessoas. Apesar de não haver nenhuma lei específica que proteja essa população do desemprego, promovendo um período de estabilidade, elas podem contar com o auxílio-doença, oferecido pela Previdência Social, quando é preciso tirar uma licença médica acima de 15 dias.
Para ter acesso a esse direito, o paciente precisa estar em dia com o pagamento mensal dos impostos federais e ir à perícia com seu médico e os documentos que comprovem o diagnóstico. Isso pode ser feito desde o primeiro dia de afastamento.
Além disso, é possível sacar o FGTS e o PIS/PASEP. Basta solicitar à Caixa Econômica Federal. O mesmo vale para os pais cujos filhos foram diagnosticados com a enfermidade.
Qual o papel das empresas quando o colaborador desenvolve câncer
A boa notícia é que, com o avanço da medicina, os tratamentos e cuidados contra o câncer estão cada vez menos agressivos, o que leva as pessoas a nem sempre precisarem abandonar sua rotina durante a terapia - ou ao menos em parte dela. Infelizmente, boa parte das empresas também não está preparada para lidar com isso.
Uma pesquisa feita pela Associação Brasileira de RH (ABRH-Brasil) e pelo grupo Go All, realizada com 261 profissionais de RH no país, revelou que quase 60% das companhias brasileiras não têm práticas de prevenção, acompanhamento e tratamento de câncer de seus funcionários.
Para mudar esse cenário, as empresas precisam, antes de mais nada, investir na prevenção dessa doença, promovendo ações de conscientização e educação sobre os fatores de risco. Também é importante contratar médicos do trabalho qualificados, que façam check-ups rotineiros e ajudem no diagnóstico precoce.
Além disso, os empregadores devem pensar em programas estruturados para lidar tanto com os colaboradores, como com sua família, oferecendo suporte financeiro e psicológico, bem como buscar alternativas flexíveis para continuar trabalhando durante o tratamento.
Por fim, é necessário criar políticas de recolocação dos funcionários após o tratamento. Dessa forma, eles poderão continuar contando com esses integrantes do time e irão contribuir com o bem-estar da equipe, o que se refletirá em produtividade com qualidade de vida.