Demandas de telemedicina crescem no Brasil

Desde o início da pandemia, estima-se que pelo menos metade da população brasileira realizou uma ou mais consultas online


A telemedicina não foi um fenômeno criado ao longo da pandemia, mas certamente se popularizou muito durante esse período. O que a princípio ganhou protagonismo pela necessidade, hoje já vem sendo mais utilizado como opção, pois um levantamento do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic) aponta que pelo menos metade dos brasileiros realizou consultas virtuais nos últimos 12 meses, entre 2021 e 2022.

O processo seria o mesmo que uma consulta tradicional, só que feito totalmente a distância. A avaliação é feita por chamada de vídeo, onde os profissionais coletam informações e encaminham o paciente para exames, se necessário. Os exames são recebidos de forma digital, e dessa forma, é possível continuar o processo remotamente. Acaba sendo mais cômodo e prático, tanto para os médicos quanto para os pacientes, que não precisam se deslocar até o consultório e conseguem encaixar as consultas com mais facilidade na rotina.

O levantamento da Cetic aponta que as pessoas com renda mais alta, das classes A e B, lideram os grupos que mais utilizam o recurso, representando 42%. A classe C fica em segundo lugar, com 22%, com as mais baixas (D e E) acumulando 20% da demanda. Das classes mais baixas, 82% foram atendidos em rede privada, enquanto 78% dos grupos mais vulneráveis receberam atendimento público. 40% dos entrevistados que utilizam esses serviços possuem ensino superior.

Indo além da comodidade, a telemedicina também resolve um grande problema enfrentado pela medicina brasileira: a falta de profissionais qualificados nas diferentes regiões do país. A pesquisa Demografia Médica de 2020, realizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), mostra que 60% de todos os médicos do país estão concentrados em apenas 39 municípios, sendo que o Brasil conta com 5.570 no total.

A telemedicina supera as barreiras da distância e possibilita que os moradores desses municípios, que não contam com suporte médico adequado, possam se consultar com profissionais de qualquer lugar do Brasil. É claro que ainda existe um problema social relacionado à falta de internet de qualidade em certas regiões ou até mesmo à ausência completa dela, o que torna a telemedicina impossível de ser realizada. Contudo, por se tratar de algo relativamente novo, a tendência é que novos projetos surjam, visando democratizar cada vez mais o acesso a tais recursos.