Impactos do Coronavírus na geração de energia

A pandemia do novo coronavírus tem mudado a economia global com muita rapidez.


Com o isolamento social sendo a principal recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter os avanços da doença, grande parte da população encontra-se em regime de quarentena, saindo de casa apenas se extremamente necessário.

Essa mudança traz um impacto direto nos padrões de consumo da sociedade e nos ritmos de produção. Muitas indústrias tiveram seus trabalhos diminuídos ou integralmente pausados por tempo indeterminado.

Essa redução no comércio e no campo industrial implica diretamente em uma queda de demanda energética por esses setores.

Porém, por outro lado, a grande quantidade de pessoas em casa - tendo que aderir ao trabalho remoto, com o auxílio da internet - faz com que contas de luz tenham um pico inédito para esse período do ano.

Dessa forma, é perceptível que o mercado de geração de energia tem passado por grandes mudanças no primeiro semestre de 2020, afetando o setor energético em diversos aspectos.

Demanda energética no setor industrial

É inegável a importância. No Brasil, por exemplo, a indústria é a maior consumidora de energia em todo o país, sendo responsável pelo uso de cerca de 40% dos recursos energéticos brasileiros.

Dessa forma, qualquer mudança na área pode ter efeitos diretos na geração e distribuição de energia.

Só na China, primeiro epicentro da Covid-19, por exemplo, houve uma queda de 15% a 40% na produção dos principais setores industriais em fevereiro, se comparado ao mesmo período do ano passado.

É importante salientar, também, que os setores industriais e comerciais pertencem aos grupos de serviços que não têm a possibilidade de aderirem ao trabalho remoto.

Dessa forma, as indústrias e empresas, a fim de não colocarem seus funcionários e colaboradores em risco, tiveram que parar grande parte de suas atividades.

Portanto, também foi percebido o impacto nas distribuidoras de energia de diversas nações que, em um curto tempo, tiveram uma grande queda na demanda de seus serviços.

Porém, no que se refere especificamente ao mercado de energia temporária, algumas companhias puderam sentir, por sua vez, um aumento nos pedidos.

Mercado de energia temporária

O setor de saúde foi um dos mais impactados pelo aumento de demanda por soluções temporárias de energia mediante à impossibilidade da rede concessionária local atender no prazo estabelecido.

Um exemplo é a Tecnogera, empresa especializada no ramo, que percebeu um grande aumento em pedidos de orçamentos vindo de hospitais. Os meses de março e abril de 2020 tiveram o dobro de solicitações se comparado ao mesmo período do ano passado.

Esse crescimento faz sentido quando se leva em consideração os impactos que diversos serviços de saúde estão sentindo com a pandemia.

Além de hospitais e clínicas estarem se aproximando da superlotação, sem disponibilidade suficiente de leitos, grande parte dos pacientes de coronavírus necessitam de respiradores para o tratamento.

Isso reforça, ainda mais, a necessidade da presença de geradores nos hospitais, que podem entrar em ação durante qualquer queda de energia.

Porém, a empresa percebeu um aumento em solicitação de orçamentos diretamente relacionados à Covid-19 também por companhias fora da área de saúde.

A Tecnogera estima que cerca de 10% das demandas por aluguel de geradores de março e abril foram relacionadas à pandemia, independente do ramo de atuação dos interessados.

E, para além da indústria, grandes empresas e serviços essenciais, o novo coronavírus alterou também o consumo energético residencial, afetando diretamente a vida de milhões de famílias pelo mundo.

Consumo residencial de energia

Ao passo que a demanda energética referente ao setor industrial despencou, o consumo de energia residencial teve um grande aumento, principalmente pela adesão à quarentena e ao regime de home office.

O que já pode ser observado, entretanto, é que além do maior uso de luz e internet, a climatização é algo que está encarecendo ainda mais as contas das residências brasileiras.

É um fato que o ar condicionado é um grande responsável pelo total gasto com energia em domicílios, principalmente na época do verão.

Agora, porém, com as pessoas trabalhando de suas próprias residências, moradores de cidades mais quentes - como Rio de Janeiro, no Sudeste, e outras das regiões Norte e Nordeste - poderão sentir a necessidade de manter o ar condicionado ligado por ainda mais tempo.

Uma preocupação no aumento da demanda de energia que, por consequência, traz um aumento de custo para as famílias, é um crescimento também nos índices de inadimplência.

Dessa forma, a ANEEL suspendeu cortes devido a atrasos em pagamentos durante três meses em todo o país.

A medida visa auxiliar a população que nesse momento, além de enfrentar a pandemia, também lida com crises financeiras e o aumento nos níveis de desemprego.