Mais de 350 mil brasileiros já morreram por doenças no coração em 2022

Problemas cardiovasculares matam a cada 90 segundos, e prevenção inclui mudança de hábitos de vida.


Doenças cardiovasculares são as maiores causas de mortes no planeta, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Só no Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), até 21 de novembro de 2022, já foram registradas mais de 359 mil mortes por doenças no coração. Os fatores de risco são variados e vão desde tabagismo, hipertensão, obesidade e diabetes, até poluição do ar e condições raras e negligenciadas, como amiloidose cardíaca e Doença de Chagas.

Conforme o "Cardiômetro" criado pela SBC - indicador do número de mortes por doenças cardiovasculares no país -, são mais de 1.100 mortes por dia, o que representa cerca de 46 mortes por hora, 1 morte a cada 90 segundos. 

A SBC aponta que as doenças do coração provocam o dobro de óbitos que as patologias decorrentes de todos os tipos de câncer juntos; 2,3 vezes mais que todas as mortes causadas por fatores externos como acidentes e violência; três vezes mais que os problemas respiratórios e 6,5 vezes mais que todas as infecções, incluindo a AIDS.

A estimativa é de que, até o final deste ano, quase 400 mil cidadãos brasileiros morram por doenças cardiovasculares. É importante ressaltar que, de acordo com a Sociedade, muitas dessas mortes poderiam ser evitadas ou adiadas com cuidados preventivos e medidas terapêuticas. Assim, o alerta, a prevenção e o tratamento adequado, tanto dos fatores de risco quanto das doenças cardiovasculares em si, podem reverter essa situação.

Conforme o Ministério da Saúde, é importante que a população esteja atenta ao coração e, caso tenha algumas dessas condições de saúde subjacentes, não deixe de fazer check-ups regulares e procurar os serviços de emergência, se precisar. Um exame de ressonância magnética, por exemplo, pode ser solicitado para investigar, diagnosticar e monitorar diversas alterações e doenças cardiovasculares.

Fatores de risco

Segundo o Ministério da Saúde, alguns dos principais fatores de risco para o surgimento de doenças cardiovasculares incluem álcool, colesterol elevado, diabetes, estresse, hipertensão, sedentarismo, obesidade e tabagismo. Muitas causas, portanto, podem acarretar problemas dessa natureza, incluindo ainda heranças genéticas e maus hábitos alimentares. 

Tipos de doenças do coração mais frequentes

Como esclarece o Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares podem afetar o coração e os vasos sanguíneos. Recebe destaque a doença arterial coronariana, que provoca dor no peito e infarto agudo do miocárdio (IAM) - sendo esta a principal causa de morbimortalidade no mundo.

Segundo o órgão, cerca de 300 mil indivíduos sofrem infarto agudo do miocárdio por ano, com óbito em 30% dos casos. Estima-se que, até 2040, esses eventos aumentem em 250% no país.

Vale lembrar que, embora as doenças do coração manifestem-se, em sua maioria, na vida adulta, é na infância que o processo de aterosclerose - inflamação, com a formação de placas de gordura, cálcio e outros elementos na parede das artérias do coração e de outras localidades do corpo - tem início.

Nesses casos, a prática regular de atividades físicas e a redução do estresse, associadas a uma alimentação saudável e ao controle do colesterol elevado tendem a reduzir 80% desses óbitos.

Formas de prevenção de doenças do coração

A Diretriz de Prevenção Cardiovascular da SBC mostra que estudos observacionais encontraram significativa associação entre o consumo de frutas, grãos e hortaliças - alimentos ricos em vitaminas e minerais - com a baixa mortalidade de doenças cardiovasculares, além de um risco menor para infarto do miocárdio.

A inatividade física é mencionada como um dos maiores problemas de saúde pública, sendo o sedentarismo de alta prevalência no Brasil e no mundo, condição fortemente relacionada à mortalidade por doenças cardiovasculares. 

O documento relaciona o incremento da atividade física com ganho de saúde, melhor qualidade de vida e maior expectativa de vida. Recomenda, ainda, que os médicos questionem os pacientes, rotineiramente nas consultas, sobre os seus hábitos de atividade física e estimulem a adoção de uma rotina mais ativa.

É indicada a prática de exercícios com, pelo menos, 150 minutos de intensidade moderada ou 75 minutos de alta intensidade por semana é indicada como uma meta saudável para a promoção da saúde e a prevenção de doenças do coração.

Os exercícios podem ser prescritos de acordo com suas características, como o tipo (resistência muscular, aeróbico, flexibilidade), modalidade (corrida, bicicleta, caminhada, dança), duração (tempo de execução), frequência semanal e ajuste de intensidade.

Vale ressaltar que, segundo o material, os exercícios de resistência muscular localizada e de fortalecimento ou potência têm se mostrado benéficos para a saúde geral e para os sistemas cardiovasculares e osteomusculares. Eles devem ser feitos, pelo menos, duas vezes por semana, privilegiando grandes grupos musculares dos membros superiores, inferiores e do tronco.

Já os exercícios de flexibilidade podem oferecer benefícios osteomioarticulares, importantes para a qualidade de vida relacionada à prevenção de queda em idosos, por exemplo