No Campeonato Brasileiro de 2021 o futebol do Ceará teve um dos seus maiores feitos com a quarta colocação do Fortaleza, que se classificou de forma direta para a Copa Libertadores de 2022, e com o Ceará, em 11°, tendo uma vaga para a Sul-Americana e ficando logo à frente na tabela de times como Internacional, São Paulo e Athletico.
Começando 2022, a empolgação continua, inclusive nas casas de apostas. Quem for fazer suas apostas especialmente na Copa do Nordeste verá os dois times de Fortaleza como muito fortes, já que o Bahia também não está em boa fase.
Antes de apostas, entretanto, analise bem as odds e veja se a possibilidade de surpresa não tem um retorno que valha a pena.
Em 2021 os times de Pernambuco sofreram. O Sport foi rebaixado mais uma vez, a quinta vez que cai da Série A para a Série B. O Náutico, que começou a Série B voando, com uma das melhores campanhas da história, caiu de um precipício e ficou no meio da tabela.
Já o Santa Cruz teve o pior ano de sua história, com campanhas horríveis em todos os torneios que disputou: estadual, Copa do Nordeste, Copa do Brasil e especialmente a Série C, sendo rebaixado para a quarta divisão.
O que os clubes do estado podem aprender com Ceará e especialmente o Fortaleza no cenário nacional?
Balanço reflete em campo
A batalha entre futebol raíz e Nutella é uma diversão para os torcedores e quando o assunto é economia, é comum ouvir que balanço contábil não entra em campo. Mas pode ter certeza que ganha jogo a longo prazo.
O futebol cearense investiu em estrutura, pagar contas em dia e não fazer loucuras. O presidente do Ceará, Robinson de Castro, até ganhou o apelido de Tio Patinhas.O Castelão e seu tamanho monumental também propicia boas rendas. Só em bilheteria o alvinegro ganhou 11 milhões de reais em 2019.
O mesmo se aplica ao Fortaleza e ambos sofreram com a pandemia, tendo problemas com fluxo de caixa. Entretanto comparado com clubes do sudeste, de orçamentos muito maiores, as dívidas e as dores de cabeça não tem nem comparação. Tanto que clubes como Vasco, Cruzeiro e Botafogo tiveram que criar suas SAFs e serem vendidos rapidamente para sair do completo buraco.
Já o Sport, que é o time que mais frequentou a Série A dos times pernambucanos, vive um completo caos financeiro e administrativo. Leonardo Lopes, que tinha assumido o clube após vários presidentes e disputas políticas, pediu licença e agora se afastou de vez. Sua gestão focou em arrumar a casa e na medida do possível foi bem-sucedida nisso, mas o trabalho é de vários anos e não pode ter recaídas.
Quedas arruínam clubes
O problema de ser um clube que sobe e cai com frequência é que o efeito sanfona nos clubes pode arruinar orçamentos e criar dívidas assombrosas. Os direitos de televisão caem na casa dos 80% com um rebaixamento e se o clube não consegue cortar salários imediatamente, sem criar problemas na justiça trabalhista, o time operará no vermelho mês a mês.
Em 2020 as dívidas eram três vezes maiores que a arrecadação, algo insustentável para montar times - tanto que até jogadores de nome chegaram, mas logo reclamaram dos atrasos de salários e saíram.
A pandemia ainda complicou tudo mais. Neste momento a situação é de corte completo de gastos e tentar segurar o desempenho esportivo o máximo possível com poucos investimentos. Porque pior que jogar a Série B e ter queda no orçamento é jogar a Série C ou D. Vale lembrar que o Santa Cruz estava na elite do futebol brasileiro em 2016 e no fim de 2017 estava rebaixado para a Série C.
A lição dos times cearenses é essa: o momento de apertar o cinto precisa chegar e não será fácil, mas com um bom plano é possível superar o problema e com o apoio da torcida, gerando renda e boas energias, subir de novo os degraus do futebol brasileiro.