O Brasil possui 61,3 milhões de pessoas acima dos 15 anos que praticam algum exercício físico com frequência - ou, em outros números, 37,9% de um universo de quase 162 milhões de brasileiros -, segundo dados do estudo Prática de Esporte e Atividade Física, publicado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Muitas dessas pessoas, no entanto, têm algum tipo de dificuldade em suas práticas. "A minha impressão é que mais da metade delas não tem a orientação adequada para os objetivos que possuem", explica o consultor Vinícius Teixeira.
A pesquisa ainda mostrou que outras 100 milhões - ou 62,1% da população acima dos 15 anos - não praticam nenhum exercício físico. Na divisão por gêneros, a diferença entre homens e mulheres é pequena: 53,9% dos atletas amadores eram do sexo masculino em 2015, quando a amostra foi coletada, e 46,1% eram do sexo feminino.
Um dos problemas comuns, segundo Vinícius, é o tipo de pisada. "Cada pessoa tem uma maneira própria de pisar. É uma característica anatômica, porque depende do tipo de pé, da flexibilidade nas articulações e dos joelhos", diz. No entanto, os ortopedistas trabalham com três tipos gerais de pisada: supinada, neutra e pronada.
A supinada é aquela em que o pé toca o chão com a parte externa do calcanhar e assim se mantém durante a corrida. Na neutra, a parte externa do calcanhar toca o chão, mas o pé volta para dentro quando a pisada acaba. Na pronada, enfim, esse processo é feito de forma exagerada: o pé rotaciona demais para dentro. "É fundamental que se reconheça o tipo de pisada para usar o modelo certo de tênis e evitar vícios posturais, lesões nos tornozelos, joelhos e na coluna", completa Vinícius.
Alguns tênis Nike femininos ou de marcas especializadas apenas em esportes, como Reebok e Under Armour, procuram corrigir o posicionamento da pisada a partir do formato deles. “Quando nosso pé atinge o solo, durante a corrida, aplica-se uma força de, aproximadamente, oito vezes o nosso peso corporal. Nosso corpo absorve o choque de cada passo. A resultante desta força é distribuída de uma forma correta quando estamos com um tênis adequado”, afirmou o ortopedista Marcelo Portugal em entrevista ao G1.
"A compra de um bom tênis não deve ser encarada como um gasto, mas sim como um investimento, pois todo gasto feito para a nossa saúde é bem-vindo", completou.
Portugal acredita que a maneira de descobrir a pisada é procurando um ortopedista, que pode, por sua vez, encaminhar o paciente para um exame de baropodometria (a análise da marcha). Mas há um teste caseiro: basta molhar a sola do pé e caminhar sobre uma folha aberta de jornal. Depois, basta observar se ela está reta ou curva para um dos dois lados no papel.