Como as dívidas impactam na saúde física e mental?

Ansiedade, insônia e depressão são os principais sintomas dos endividados


A impressão que temos é que está todo mundo à flor da pele, sem tolerância e empatia com o próximo. É verdade que, com a economia estagnada e até retraída, o custo de vida do brasileiro está pela hora da morte, e a inadimplência está batendo nas nuvens. Neste cenário quase apocalíptico, nossa saúde física e mental está completamente comprometida em 2022, que já começa cheio de boletos em atraso, guerra e inflação. 

A situação é crítica. De acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada no início de março deste ano, em fevereiro, o percentual de famílias endividadas alcançou um desagradável recorde: 76,6% dos entrevistados, o maior número desde março de 2010. O problema fica ainda pior quando as perspectivas para o futuro não são muito boas. A crise econômica que se instalou no Brasil não tem previsão de melhora, e, como diz a expressão popular, os boletos não esperam.

Ansiedade

Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), realizada em 2017, mostrou que 69% dos inadimplentes sofrem com ansiedade. Além disso, 16,8% destas pessoas utilizam algum vício como válvula de escape para aliviar a tensão. Os campeões da lista são comida, bebida e cigarro, o que gera um desequilíbrio emocional gigantesco e torna a situação cada vez mais insustentável. Os sintomas da ansiedade atrapalham a saúde do indivíduo, geram angústia, cansaço e esgotamento físico e mental.

Insônia

O sintoma campeão da ansiedade, que assolou como a Covid nos últimos anos, principalmente entre os endividados, foi a insônia. Um estudo realizado pela Serasa, em parceria com a Opinion Box, apresentou que, nos últimos 12 meses, 88% dos brasileiros sentiram vergonha por estarem devendo. Além disso, cerca de 60% dos entrevistados afirmaram que as dívidas interferem no relacionamento pessoal com a família e os amigos. Não tem chá de camomila que acalme os 85% dos consumidores que têm dificuldade para dormir por conta das dívidas - foi o que mostrou a pesquisa.

Noites maldormidas são um caminho sem volta, pois quando a insônia persiste por mais de três meses, tem chances de virar crônica e gerar uma série de problemas, que resultam em uma queda vertiginosa na qualidade de vida. Além do estado de nervos que a pessoa fica, a insônia da noite causa dores de cabeça, cansaço e mal-estar durante o dia.

Depressão e crises de pânico

A sensação de impotência que o inadimplente sente pode gerar quadros severos de depressão ou acarretar em crises de pânico muito exacerbadas. O ciclo diário de acordar e dormir sem solução para o endividamento, unido a uma predisposição genética, pode gerar um quadro depressivo difícil de sair. Os sintomas mais comuns são mau humor, desmotivação, apatia e pessimismo. A situação, quando não tratada, pode gerar efeitos devastadores na vida da pessoa, que vai precisar de acompanhamento profissional.

Gastrite

A gastrite é uma inflamação nas paredes internas do estômago, que pode ser desenvolvida a partir da alimentação inadequada, em parceria com a bactéria H. pylori. Muitos endividados extravasam as frustrações na chamada junk food - no coloquial português, a mesma coisa que besteirinha. É aquele pastelzinho cheio de óleo, o hambúrguer com tudo dentro ou a pizza com refrigerante. O tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas também podem agravar o processo infeccioso da gastrite, e gerar mais um desconforto na vida de quem já não suporta mais tanta pressão.

Sonhos adiados

Para sair do estado de angústia, é preciso ter serenidade e entender que não vai ser possível resolver tudo de uma vez. Negociar as dívidas, para pagar assim que possível, vai aliviar esse peso enorme que tira o sono e a paz. Alguns sonhos vão precisar esperar um pouco, como a compra do carro novo, da casa própria, ou a faculdade de medicina. Em tempos mais prósperos, todas as metas serão conquistadas. A palavra-chave é resiliência.

A situação está difícil, sim, mas se você não se cuidar, não vai resolver a questão. Utilizando mais uma expressão popular: os boletos não vão se pagar sozinhos. Invista em seu bem-estar sem medo, porque só ele poderá mudar a situação. Caminhar por aí, tomar um sol, vai encher seu corpo de endorfina e te mostrar que a natureza é perfeita, e tudo está exatamente onde deveria estar. Que tal trocar a pizza do fim de semana por uma matrícula na academia? Recalcule a rota e analise quais gastos são supérfluos e quais são essenciais. Não se esqueça nunca: a prioridade é você neste momento.