"Não se pensa em estatização", diz ministro Braga Netto em videoconferência na Fiesp

O ministro apresentou as linhas gerais do plano Pró-Brasil. Para Paulo Skaf, este momento pode ser uma oportunidade de resolver entraves burocráticos de décadas


Em videoconferência com o Conselho Superior Diálogo pelo Brasil da Fiesp, realizada na tarde ontem, quinta-feira (23), o ministro-chefe da Casa Civil, General Braga Netto, apresentou as linhas gerais do programa Pró-Brasil de recuperação econômica pós coronavírus junto com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. Participam do conselho presidentes e CEOs dos 50 maiores grupos empresariais brasileiros.

Braga Netto afirmou que, embora o governo tenha a missão de ser o indutor da retomada da economia, o plano não é estatizante. "Não se pensa em estatização, não se pensa em trocar o rumo", assegurou Braga Neto. "A privatização é ponto de honra. A ideia é desestatizar ao máximo, não vamos abandonar esta agenda", completou Augusto Heleno.

Um dos pontos focais do plano, segundo Braga Netto, é o arcabouço normativo para facilitar investimentos privados. A maior dificuldade para haver investimentos no Brasil, na avaliação dos empresários, não é falta de recursos, mas o ambiente de negócios ruim e a insegurança jurídica que travam os projetos no país. Na opinião de Skaf, é preciso reduzir os entraves burocráticos e aproveitar o momento para resolver problemas que há décadas são ignorados.

"Temos aí uma oportunidade do Estado que vai provocar e facilitar os caminhos com a colaboração dos outros poderes e deixar a iniciativa privada tocar o resto que sabe fazer", disse o presidente da Fiesp. "Estamos em um período de quase guerra, no qual teríamos condições de, pela dor, acabar com a ferrugem que existe nessa máquina emperrada e abrir o caminho para que os projetos fluam", complementou.

Braga Netto, que preside o comitê de crise criado pelo governo federal para combater as consequências causadas pela pandemia da Covid-19, também garantiu que, ao invés de serem paralisados, os projetos e as reformas que estavam em andamento antes da eclosão da crise ganharão novo fôlego.

"O foco é o crescimento, mas as reformas que já haviam sido iniciadas e foram interrompidas por causa da pandemia devem continuar, não se pensa em abandonar as reformas", sublinhou Braga Netto. "Nós temos mapeados tudo aquilo que já tem projeto, que já pode andar, gerar emprego e impulsionar a economia. Nossa ideia é pegarmos aquilo para o qual já temos recurso e investir pesado", completou o ministro.