Uma década depois, Universal revela que perdeu gravações de Elton John e Nirvana em um incêndio

Segundo o New York Times, material destruído foi o "maior acidente da história da indústria musical" dos Estados Unidos


Onze anos atrás, um incêndio atingiu uma área grande dos estúdios da Universal, em Hollywood, Los Angeles, nos Estados Unidos. Na época, a empresa afirmou que a única perda significativa era o boneco do King Kong, utilizado no parque temático da produtora, além de um arquivo com cópias de obras antigas.

No entanto, o jornal New York Times publicou uma reportagem no mês passado afirmando que, mais de uma década depois, a Universal agora admitiu que, na verdade, o acidente pode ter sido o "maior desastre da história da indústria fonográfica" estadunidense, com perdas de áudios originais de dezenas de artistas que construíram a história da música popular dos Estados Unidos e do Reino Unido.

O incêndio nos estúdios da Universal aconteceu em junho de 2008, durante obras de reparo do teto de um cenário de televisão. Segundo a imprensa, o fogo começou a se alastrar às cinco da manhã e logo atingiu um prédio vizinho, onde estavam arquivados videocassetes, fitas de carretel e, sabe-se agora, uma biblioteca de gravações importantes da Universal. Há dez anos, a produtora confirmava que a perda tinha sido de cerca de 500 mil objetos sensíveis.

Entre eles há gravações originais da coleção da Decca Records, uma das lendárias gravadoras dos EUA, de nomes como Billie Holiday, Louis Armstrong, Duke Ellington, Al Jolson, Bing Crosby, Ella Fitzgerald e Judy Garland, assim como registros de Chuck Berry para sua gravadora, a Chess Records, e demos enviadas nos anos 1940 por Aretha Franklin. 

O incêndio, segundo o New York Times, também levou consigo gravações de Buddy Holly e de John Coltrane para a Impulse Records. A lista, porém, perpassa quase todo o século 20 de grandes nomes da música mundial: Ray Charles, B. B. King, Four Tops, Joan Baez, Neil Diamond, Sonny y Cher, Joni Mitchell, Cat Stevens, Gladys Knight and the Pips, Al Green, Elton John, Eric Clapton, Jimmy Buffett, The Eagles, Aerosmith, Rufus con Chaka Khan, Barry White, Patti LaBelle, Tom Petty and the Heartbreakers, The Police, Sting, Steve Earle, R.E.M., Janet Jackson, Guns n' Roses, Mary J. Blige, No Doubt, Nine Inch Nails, Snoop Dogg, Nirvana, Beck, Sheryl Crow, Tupac Shakur, Eminem, 50 Cent e The Roots tiveram áudios destruídos. 

O desperdício só não foi maior, obviamente, porque o material possui cópias (algumas tão raras que são vendidas em também poucos tipos de leilão online) sem mais os originais - que servem como base para todas as reproduções que são feitas ao longo do tempo. "Um original é a captura mais fiel de uma peça de música gravada", afirmou Adam Block, da Sony Music, ao NY Times. "No aspecto sonoro, as gravações podem ser deslumbrantes por serem uma captura de um instante do tempo. Cada cópia posterior é uma degradação sonora", completou.

De acordo com o jornal, a Universal se esforçou muito para criar a percepção de que a perda do material foi um "triunfo da gestão de crise" em que participaram empregados da produtora em várias partes dos EUA. A empresa, gigante do cinema e da música mundial, queria evitar a todos os custos a vergonha pública que enfrentaria pela destruição do material, além das reclamações dos artistas que tiveram seus registros perdidos.