Via de regra, embora seja doloroso de admitir, o Brasil é um país racista. Em geral, a população negra do país é a que mais sofre com a discriminação racial ? o que fecha portas em todas as áreas de convivência, seja no trabalho, na saúde, nas universidades, entre outros.
Segundo estudo da organização Sou da Paz, os dados mostram também que essa parcela da população é o alvo mais "comum" das balas: 78% das vítimas fatais por arma de fogo foram pessoas negras.
Por esse e tantos outros motivos, é de suma importância que a luta contra a discriminação racial comece desde cedo. E combater esse preconceito é um dos principais objetivos da chamada "Educação Antirracista".
O que é educação antirracista?
Em linhas gerais, a educação antirracista é como qualquer outra educação comum às crianças, salvo uma fundamental diferença: ela ensina, desde cedo, que o Brasil enfrenta uma série de questões raciais. Ou seja, trata-se de uma conscientização, feita dentro das escolas, em conjunto com o ensino da cultura e história africana ? conforme a Lei 10.639 ?, de convivência e respeito a pessoas pretas.
Vale destacar que a educação antirracista é dada tanto para os alunos quanto para os professores, e visa combater o racismo por meio da informação e de contato constante com esse tema.
Como é aplicada nas escolas?
São várias as formas de abordar o racismo com as crianças ? evidentemente de forma adequada à idade dos alunos. Mas, desde pequenos, os estudantes de todas as cores entram em contato com uma maneira mais igualitária de conviver com pessoas pretas e respeitá-las em sua individualidade.
Alguns exemplos são o reconhecimento da beleza do cabelo crespo ou cacheado, apresentação de personagens e fotos em livros didáticos de pessoas negras e intervenção em episódios de racismo ? que, importante relembrar, são reflexos da vivência em casa ou até mesmo na própria escola.
É muito importante que a educação antirracista comece desde cedo, uma vez que a discriminação racial tende a se tornar estrutural na sociedade brasileira e acaba enraizada ao longo do crescimento das crianças. O desafio é grande, mas o cenário é promissor: cada vez mais escolas investem na capacitação de professores e faculdades de pedagogia incluem o tema como matéria obrigatória durante o curso.
Com alunos mais velhos e conscientes, a educação antirracista já passa pelo ensino do processo histórico e com questões mais maduras para compreensão da luta contra a discriminação racial. Temas mais atuais podem ser debatidos e rodas de conversa são mais produtivas. Um incentivo é trazer histórias, narrativas, exemplos e curiosidades com protagonismo preto para a discussão entre os alunos ? que hoje tendem a estar mais engajados em questões sociais.
Outro ponto importante é que vale a coordenação e direção escolar estar sempre atenta ao comportamento dos alunos e, em caso de episódios de racismo entre os estudantes, intervir de maneira consciente, respeitosa e produtiva. O objetivo é sempre educar para combater, a fim de trazer uma luta mais eficiente para o fim da discriminação racial no Brasil.