Nutricionista responde: quais os riscos do overtraining -- o excesso de treinos

Para Diogo Círico, da Growth, síndrome não atinge muitas pessoas comuns, mas atletas de alta performance


Com a expansão das academias e das pessoas em busca de uma vida saudável ou mesmo de definição do corpo, começou a surgir um problema adjacente relacionado ao excesso de carga que os treinos, quando não realizados corretamente, podem submeter os músculos. Logo, ele ganhou um nome: overtraining.

A expressão em inglês (que significa "sobre-treinamento") significa um volume de exercícios acima do que o corpo é capaz de suportar. Na tentativa de melhorar o desempenho ou de acelerar a definição, muitas pessoas acabam exagerando na atividade física e não descansa de forma proporcional. No limite, já há pesquisas que indicam problemas de articulações, no sistema imunológico e na mente.

A "síndrome" do overtraining, como é chamada, está relacionada com uma estratégia de treinos que surgiu em academias dos Estados Unidos chamada de "supercompensação", em que as pessoas aceitam uma carga excessiva e progressiva de atividades que, segundo a teoria, será compensada pelo período posterior de descanso.

Essa questão é o que gera o overtraining, segundo explica o nutricionista da Growth Supplements, Diogo Círico. "O processo de desenvolvimento muscular e físico acontece mediante binômio 'estímulo e recuperação". Quando o indivíduo não consegue recuperar seu organismo dos treinos, a situação se torna crônica", diz.

"Com o passar de semanas e meses de falta de recuperação orgânica, o overtraining se torna uma realidade -- principalmente, para atletas de alta performance", completa.

No entanto, Diogo acredita que a síndrome não deve afetar muitas pessoas que possuem treinos comuns, isto é, aquelas que frequentam a academia em menos dias do que os da semana. Esses indivíduos, além de manterem uma alimentação balanceada e consumirem produtos como BCAA e Whey Protein, não sobrecarregam os exercícios semanais.

"Muitas pessoas confundem overtraining com excesso de treino. Na verdade, para chegar nesta condição, é preciso treinar muito e não proporcionar nenhuma recuperação adequada", explica.

Como um sistema, os malefícios encontrados nesta situação são divididos entre elevação e redução, segundo o nutricionista da Growth. Por um lado, o overtraining resulta nas reduções de performance, força, peso (massa muscular) e das atividades do sistema imune através da redução da produção de células de defesa. Por outro, se elevam a fadiga crônica, a apatia, a irritabilidade, a depressão, nas lesões musculares e há um aumento de infecções.

"Os primeiros sinais são fadiga, dores de cabeça recorrentes, diarreia, perda de peso, desinteresse sexual, falta de apetite e queda do desempenho intelectual (podendo afetar o trabalho). Outros têm a sensação de que não são mais capazes de dormir com qualidade e têm problemas acordando à noite, não conseguem relaxar, apresentam pioras em quadros alérgicos e resfriados, além de infecções respiratórias, que podem se alastrar por semanas", disse o educador físico Gustavo Luz ao G1.

Para Diogo, a recuperação é simples: descanso completo. O retorno aos treinamentos precisa ser feito de forma leve e curta, com aumento gradual da carga e constante avaliação médica. Ainda assim, ele acredita que as academias já fazem o filtro antes mesmo dessa situação acontecer. "Os brasileiros sabem os problemas que isso pode acarretar e sempre tentam respeitar o período de descanso", finaliza.