Quimioterapia: cabelo muda, cai e pode demorar um ano para voltar a crescer

Poucas semanas após a finalização das sessões, os fios voltam a nascer, mas aspecto igual ao pré-tratamento pode levar 12 meses para retornar


A quimioterapia é um tratamento amplamente utilizado no combate ao câncer, que consiste na administração de medicamentos que visam destruir as células cancerígenas no corpo. Embora seja uma abordagem eficaz para o tratamento da doença, a quimioterapia também pode causar efeitos colaterais indesejados, incluindo a perda de cabelo.

Conforme artigo publicado no portal da organização não governamental Oncoguia, alguns pacientes podem experimentar efeitos colaterais mais severos, enquanto outros, mais leves ou até mesmo não apresentar nenhum. 

Um dos efeitos colaterais comuns dos tratamentos radioterápico e quimioterápico é a perda de cabelo, conhecida como alopecia. Essa condição pode afetar diversas áreas do corpo, incluindo cabeça, rosto, braços, pernas, axilas e região pubiana.

A queda dos fios é uma das consequências mais visíveis e impactantes do tratamento oncológico, afetando significativamente a aparência e autoestima dos pacientes. Durante o tratamento, os medicamentos de quimioterapia atacam não apenas as células cancerígenas, mas também as células saudáveis do corpo, incluindo as responsáveis pelo crescimento do cabelo - pois elas também se multiplicam rapidamente, semelhante ao ritmo das cancerígenas.

A perda de cabelo pode ocorrer de forma repentina ou gradual durante o tratamento. Essa experiência pode ser desafiadora tanto do ponto de vista psicológico quanto emocional, uma vez que afeta a autoimagem e a qualidade de vida dos pacientes. No entanto, é importante ressaltar que a perda de cabelo é temporária e o cabelo tende a crescer novamente após o término do tratamento.

Vale lembrar que os especialistas orientam as pessoas submetidas à quimioterapia a buscarem imediatamente seu médico assim que perceberem algum efeito colateral, para que possam receber as recomendações adequadas ao seu caso específico.

Como e por que a queda pode ocorrer?

Como esclarece a oncologista clínica da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Débora Gagliato, em artigo do portal Dráuzio Varella, o processo de perda de cabelo varia de acordo com a dose, o tipo e a duração da quimioterapia. Em muitos casos, os pacientes começam a notar uma diminuição no volume e na densidade capilar algumas semanas após o início do tratamento. O cabelo pode ficar mais fraco, quebradiço e começar a cair gradualmente.

É importante, contudo, destacar que a perda de cabelo é temporária e reversível na maioria dos casos. Logo após a conclusão do tratamento de quimioterapia, os fios geralmente começam a crescer novamente. No entanto, o processo de regeneração capilar completo pode ser lento e levar cerca de um ano ou mais para que o cabelo volte ao seu estado pré-tratamento.

Durante o período de crescimento do cabelo, é comum que ele apresente textura e cor diferentes do cabelo original. Alguns pacientes observam que os fios crescem mais finos. A médica ressalta que é importante ter paciência e compreender que o cabelo está passando por um processo de renovação e regeneração.

Gerenciamento da queda e cuidados que podem ser adotados

Para ajudar com a perda de cabelo durante a quimioterapia, muitos pacientes optam por usar perucas, lenços, chapéus ou experimentar diferentes cortes, como explica a médica Maria Del Pilar Estevez, diretora de Corpo Clínico e coordenadora de Oncologia Clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), em entrevista ao Jornal da USP. Essas opções podem ajudar a melhorar a autoestima e a sensação de normalidade durante o tratamento.

Existem ainda diversos recursos disponíveis para auxiliar os pacientes no cuidado com o cabelo durante a quimioterapia. Recomenda-se o uso de produtos suaves e livres de substâncias químicas agressivas, bem como a proteção do couro cabeludo do sol e do frio extremo.

Além disso, existem toucas de resfriamento, utilizadas em ambiente hospitalar por profissionais qualificados para evitar a queda de cabelo durante o tratamento de quimioterapia. Esses dispositivos são colocados no couro cabeludo alguns minutos antes do início da sessão de quimioterapia e são conectados a uma unidade de resfriamento.

O objetivo é manter o couro cabeludo a uma temperatura mais baixa durante o procedimento. O líquido de refrigeração circula pelas toucas, mantendo o couro cabeludo resfriado enquanto a quimioterapia é administrada. Provoca-se assim uma constrição dos vasos sanguíneos da região, o que dificulta a entrada dos agentes quimioterápicos nos folículos capilares, minimizando a queda.

O recurso está disponível em diversos centros oncológicos, tanto públicos quanto privados, em todo o país, oferecendo uma opção para pacientes que desejam reduzir o impacto do tratamento na queda de cabelo.

Já após o tratamento, é possível apostar em alguns medicamentos que auxiliam na recuperação dos fios. O minoxidil, por exemplo, é um produto tópico que pode ser aplicado diretamente no couro cabeludo. Ele atua estimulando os folículos capilares, promovendo o crescimento do cabelo e ajudando a minimizar a perda capilar. 

Embora seja mais conhecido por seu uso no tratamento da queda de cabelo relacionada à calvície, a substância também tem sido utilizada em pacientes submetidos à quimioterapia para preservar e estimular o crescimento capilar.